Iara e Ipupiara |
Lenda da Iara
Iara era
uma índia muito bonita, valente guerreira e possuía uma bela voz. Ninguém atirava
no arco e flecha como ela e nem a onça vento podia ganhar-lhe uma corrida
Seu pai, o
pajé, sempre se gabava da filha formosa e corajosa, o que provocava a inveja
dos seus irmãos. Um dia, não aguentando mais de ciúmes, os irmãos resolveram
matá-la. Levaram-na para a floresta, subiram numa árvore e quando foram
disparar a flecha, Iara foi mais rápida, os surpreendeu e acabou matando-os.
Quando o
pajé descobriu, mandou os indígenas que a trouxessem em sua presença. Iara foi
amarrada e, em seguida, jogada no rio, e desmaiou. Os peixes, porém, tiveram
pena desta jovem tão bonita e levaram-na a superfície. Quando acordou, Iara
descobriu que em lugar de pernas, agora tinha um rabo de peixe e quando cantava,
sua voz conseguia paralisar que a escutava.
No fim de
tarde, os bravos guerreiros que passavam pela beira do rio, não resistiam e
ficavam admirados com o canto da indígena. Ela, então, os seduzia e os levava
para o fundo do rio, de onde não voltavam jamais.
Hoje, os
indígenas preferem evitar caminhar pela beira dos rios ao anoitecer. Tem que a Iara lhes arraste para o fundo do rio...
Lenda da Mandioca
Hoje na aldeia indígena é dia de festa, pois um casal teve sua primeira filha, menina
de pele clara e com saúde frágil. A mãe
deu-lhe o nome de Mani e vivia preocupada, pois ela mal comia ou bebia água.
Um dia,
quando o sol raiou e todos começaram a se levantar das redes, Mani ficou. A mãe
se aproximou e viu que filha não tinha febre, o pai chegou perto e também não
viu nada de errado com ela. Mani, porém, estava cada vez mais pálida, até que
faleceu.
Desconsolados,
os pais resolveram enterrá-la ali mesmo na oca, para continuarem a ter a
companhia da filha. Regavam o local todos os dias, e cantavam canções que
lembravam a menina.
Tempo
depois, um caule com folhas finas começou a brotar. A planta crescia forte,
como se quisesse levar a terra consigo. A mãe de Mani teve uma ideia e resolveu
arrancá-la para ver este vegetal que desejava arrancar tudo.
Qual não
foi a surpresa que encontraram uma raiz marrom, da cor dos indígenas, que
envolvia um fruto branco, cor de Mani. A mãe entendeu que era própria filha que
voltava em forma de alimento para a aldeia e resolveu chamá-la de mani-oca, a
nossa mandioca.
Lenda dos diamantes
Há muito
tempo, numa aldeia, o casal Itagibá e Potira vivia feliz.
Certo dia,
a tribo foi atacada e Itagibá, guerreiro corajoso, precisou partir para a
guerra com seus companheiros. Quando a lua nova apareceu no céu, os
índios se despediram, subiram na canoa e seguiram as correntezas.
Potira, sua
esposa, não conseguia mais sorrir e ficou à beira do rio a esperar pelo seu
amado. A lua crescia e minguava, brilhava no céu, cheia, mas os homens não
voltavam. Potira esperava e esperava, contemplando a água beijar a areia uma e
outra vez. Quando Potira avistou as embarcações cruzarem o rio sentiu seu
coração pular de felicidade, pois Itagibá estaria entre eles.
Os homens
desembarcaram, abraçaram as esposas e os filhos, choraram ao reencontrar seus
pais. Potira procurava pelo seu esposo, perguntava e ninguém respondia, até
perceber que Itagibá não estava entre os
que voltaram. A índia começou a chorar amargamente, caiu na areia da praia e
soluçava.
Lá ficou a
índia. Parentes e amigos imploraram que ela voltasse, mas Potira permaneceu
ali, chorando e chamando pelo seu amado. Tupã, o deus dos índios, compadecido
com a dor da jovem, transformou suas lágrimas em pedras de diamantes, que só
podem ser encontrados entre os cascalhos e a areia do rio.
A lenda do pequi
Esta é do tempo em que os bichos falavam.
A índia Tainá-racan era a índia mais bela de todas da aldeia, enquanto seu esposo, Maluá era um bravo guerreiro. Tainá-racan gostava tanto dos animais que tinha um jacaré de estimação que era muito amigo.
Viviam felizes sem mais preocupações que o destino traz. O único que faltava ao casal era um filho que coroasse a sua felicidade. Tanto pediram que Cananxiué, o deus, atendeu suas preces.
O filho se chamou Uadi, nasceu forte e inteligente, pronto para a guerra e para o trabalho. Somente algo intrigava a todos: seus cabelos eram louros, bem diferente dos cabelos do pai e da mãe. Maluá, para evitar as intrigas, explicou que Cananxiué era o verdadeiro pai do menino.
Um dia, soam os gritos de guerra e quando Malauá foi se despedir de Uadi este lhe comunica que também partiria em breve. Enquanto Uadi falava uma arara vermelha pousou na árvore e pediu a criança. Era Cananxiué que vinha buscar o seu filho.
Tainá-racan se desesperou e chorou três dias e três noites. O jacaré, ao ver a tristeza da jovem mãe, pediu ao deus que devolvesse o menino. Cananxiué declarou que era impossível, pois precisava do menino ao seu lado.
Para consolar, Cananxiué prometeu criar uma árvore que daria frutos doces e amarelos como os cabelos de Uadi e a cada floração os pais do menino iriam conceber uma criança. Foi assim que nasceu o pequizeiro considerado até hoje poderoso para aqueles que desejam ter filhos.
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