Imperatriz Teresa Cristina

Fotografia colorizada de dona Teresa Cristina, 1880

A Imperatriz D. Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias nasceu em Nápoles, em 14 de março de 1822 e faleceu em 28 de dezembro de 1889, na cidade do Porto, Portugal.  

Foi princesa das Duas Sicílias por nascimento e a terceira imperatriz consorte do Brasil através do casamento com D. Pedro II.

Inteligente, culta e apreciadora das artes, D. Teresa Cristina favoreceu o intercâmbio cultural entre o Brasil e Itália; e doou uma importante coleção de peças arqueológicas romanas ao Brasil, assim como enviou objetos indígenas ao seu irmão, o rei Ferdinando II.

Apesar disso passou à história do Brasil como uma figura apagada e de poucas luzes.

Infância

Dona Teresa Cristina foi a 10.ª filha do matrimônio formado por D. Francisco I das Duas Sicílias e a infanta espanhola Maria Isabel de Bourbon. Esta última era irmã de D. Carlota Joaquina.

Recebeu uma educação esmerada que incluía religião, francês, literatura e música. Gostava de tocar piano e interpretava canções napolitanas que tanto influenciariam a constituição da ópera italiana. Além disso, desenvolveu um especial interesse pela arqueologia, patrocinando escavações reino das Duas Sicílias.

Nesta época, Nápoles era capital do reino de Duas Sicílias, chamado até 1816 de Nápoles-Duas Sicílias. A cidade foi a primeira, na Península Itálica, a possuir ferrovia, iluminação pública a gás, e emitir selo postal. Já o Teatro San Carlo (fundado por seu avô, o rei Carlos VII de Nápoles e III da Espanha) era um dos mais ativos da região. Este soberano também iniciou as escavações das cidades de Pompeia e Herculano.  

Casamento com Dom Pedro II

Com o Golpe da Maioridade, em 1840, D. Pedro II assume o trono brasileiro. 

Começa, então, a busca por princesas reais nas cortes europeias. Inicialmente, se pensou na corte austríaca, mas a lembrança do tratamento recebido por D. Leopoldina, por parte de D. Pedro I, ainda estava presente em Viena.

Nesta ocasião, o embaixador das Duas Sicílias na corte austríaca, propõe a mão de D. Teresa Cristina ao Imperador do Brasil.  

A proposta, porém, não foi vista com bons olhos pelos setores liberais, pois se temia que a nova consorte pudesse ser contra a Constituição e influenciasse o monarca. Afinal, a família Bourbon, tanto do ramo espanhol quanto siciliano não tinha muita simpatia com a limitação do poder real. 

Vinda ao Brasil

O casamento por procuração – fato comum entre as casas reais – se realiza em Nápoles, em 30 de maio de 1843. A nova imperatriz chegaria ao Brasil em 3 de setembro e os esposos receberam a bênção nupcial na Capela Imperial do Rio de Janeiro.

Na sua comitiva, D. Teresa Cristina trouxe várias peças arqueológicas como 13 ânforas de cobre encontradas na escavação de Pompeia. Mais tarde, ela herdaria terrenos em Nápoles onde patrocinou buscas arqueológicas cujas peças viriam ao Brasil e fariam parte do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro até o incêndio em 2018.

Com D. Teresa Cristina vieram cientistas e artistas como o pintor de paisagens Alessandro Cicarelli Manzoni; o cenógrafo e pintor Nicola Antonio Facchinetti que se estabeleceram no Rio de Janeiro e se tornaram professores. Posteriormente chegaria o pintor Eduardo De Martino, especializado em marinhas.

Aproveitando o intercâmbio cultural, divas de ópera aportaram no Rio de Janeiro como o soprano Augusta Candiani. Esta seria responsável pela estreia da ópera "Norma", de Bellini, no Brasil e foi tão próxima à Família Imperial, que uma das suas filhas era afilhada dos imperadores.  

Para acompanhar a princesa também estava o seu irmão, o príncipe Luís Carlos, conde de Áquila. Aqui ele conheceu a princesa imperial D. Januária, irmã de Dom Pedro II e contraíram matrimônio 28 de abril de 1844. 

Vida de casada e filhos

Inicialmente, D. Pedro II não gostou de D. Teresa Cristina, pois a achava sem atrativos físicos. No entanto, quando passou a conhecê-la melhor, percebeu terem gostos em comum e conviveram relativamente bem.

O casal teve quatro filhos, dos quais duas chegaram à vida adulta:

·        Afonso Pedro de Alcântara (1845-1847)

·         Isabel Cristina (1846-1921)

·         Leopoldina Teresa (1847-1871)

·         Pedro Afonso (1848-1850)

Imigração italiana

A imperatriz foi responsável pela primeira leva de imigrantes italianos ao Brasil, em 1847. Originários do sul da Itália, criaram a Colônia Vallones dos Reados, atualmente o bairro de Rocha Miranda, no Rio de Janeiro

No campo da música, promoveu a divulgação de obras de compositores como Verdi e Rossini, na capital do país. Também influiu para que o maior compositor brasileiro, Carlos Gomes, fosse estudar na Itália e não na Alemanha como estava previsto.  

Política e exílio

Apesar de não se envolver em política foi uma firme defensora do reinado de Dom Pedro II, quando a possibilidade dele abdicar se apresentou. Também não concordava que a sucessão passasse ao sobrinho, por ser um ato inconstitucional.  

Com o golpe de 15 de novembro de 1889, a família imperial brasileira foi banida e seguiu para Portugal. D. Teresa Cristina, porém, não suportou estar longe do país onde vivera 46 anos e faleceu em decorrência de um enfarto, no Porto, em 28 de dezembro de 1889.

Seus restos mortais foram trasladados para o Brasil em 1921, após a anulação do decreto de banimento da Família Imperial.

Teresina

A capital do Piauí recebe este nome em homenagem à imperatriz.

Na segunda metade do século XIX surge a necessidade de transferir a capital da Província do Piauí, então em Oeiras, para a Vila Poti, na confluência rio homônimo e do Parnaíba.

A imperatriz teria apoiado esta ideia e o Presidente da Província, José Antônio Saraiva, resolve homenageá-la, batizando a nova cidade a partir da união dos nomes Teresa e Cristina.

A cidade de Cristinápolis, em Sergipe, também recebe este nome em homenagem a D. Teresa Cristina.

Bibliografia

CERQUEIRA, Bruno da Silva Antunes de & ARGÓN, Mª de Fátima Moraes. Alegrias e Tristezas - estudos sobre a autobiografia de D.Isabel do Brasil. Linotipo Digital. São Paulo. 2019. 

AVELLA, Angelo Aniela. Teresa Cristina Maria de Bourbon. Uma imperatriz silenciada.  Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca. 06 a 10 de setembro de 2010

 

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